segunda-feira, 6 de julho de 2009

Felicidade Instantânea

Era uma tarde de Agosto. Tudo se encontrava na mais perfeita harmonia, árvores em seus devidos lugares, lagos paralisados pela ação do inverno rigoroso, pessoas em suas casas em frente à lareira. E ela vagava sem rumo, sem nexo, numa espécie de retrocesso. O frio de 4ºC parecia não lhe incomodar, sua pele branca estava vermelha em alguns pontos extremos. Suas mãos, duras e frias. Mas, nada disso lhe importava no momento. Tudo o que queria, era sentar e conversar com alguém. Podia ser uma conversa sem produtividade intelectual alguma, o importante era o ato de conversar. Decidiu parar sua caminhada até então incessante. Sentou no primeiro banco de praça que encontrou. Não mexia um só fio de cabelo, estava paralisada. Poucas pessoas passavam na avenida, mas as que passavam observavam a atitude daquele ser inconstante. Passaram-se alguns segundos, minutos, horas. Nada de movimentos. E ela ficou, sem nem mesmo entender a razão de sua atitude. De repente, passa uma garota. Um anjo, ou algo parecido. O pequeno projeto de gente olha a moça, penetrando-lhe os olhos. Ao perceber sua indiferença, segura sua mão. A mulher levanta, as duas saem, andando calmamente. Entram em uma cafeteria, tomam um chocolate quente, entretanto sem se falar. Saem, continuam andando. Andando. Andando. Andando. A garota vai embora. A moça fica. Abre um sorriso. Olha ao seu redor. Encara o mundo. Se sente leve, feliz. Sentimento sem descrição. E então, se joga da ponte. Deixando o certo, mergulhando no incerto. Mas, com a certeza de que um dia foi amada, sem nem mesmo dizer uma só palavra.

Mirela Andrade

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